Curitiba, PR – O mercado automotivo brasileiro mantém um ritmo de crescimento consistente em 2025. De janeiro a maio, o setor registrou um aumento de 6,1% nas vendas de veículos automotores em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 986,1 mil unidades emplacadas. Os dados, divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), indicam uma recuperação contínua do mercado, que, em maio, superou a marca de 1 milhão de veículos vendidos, um feito alcançado nove dias antes do que em 2024.
O mês de maio se destacou com um crescimento de 16,2% nas vendas em relação a maio de 2024, impulsionado por automóveis, comerciais leves e motocicletas. Essa alta expressiva, no entanto, é influenciada pela base de comparação mais baixa de 2024, ano em que as vendas foram afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Apesar do cenário positivo no acumulado, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, observa que o setor ainda enfrenta desafios. A produção nacional, por exemplo, registrou uma queda de 5,9% em maio em comparação com abril, somando 214,7 mil unidades. No acumulado do ano, a produção ainda é 10,6% superior à do ano anterior, totalizando 1.025,2 mil unidades.
Importados e Eletrificados Ditam o Ritmo do Crescimento
Um dos fatores que mais impulsiona o crescimento do mercado brasileiro em 2025 é o avanço dos veículos importados e eletrificados. Segundo a Anfavea, os modelos estrangeiros representaram 54% do crescimento total do mercado nacional de janeiro a maio, com os automóveis importados respondendo por 65% dessa elevação.
O segmento de veículos eletrificados (100% elétricos, híbridos plug-in, híbridos leves e híbridos convencionais) continua em forte expansão, com um aumento de 59% nas vendas em maio de 2025 em comparação com o mesmo mês de 2024, somando 21,4 mil unidades. Modelos como o BYD Dolphin Mini e o Fiat Fastback (híbrido leve) se destacam nesse cenário.
Desafios e Perspectivas
Apesar do otimismo com os números gerais, o mercado não está isento de preocupações. Arcelio Junior, presidente da Fenabrave, aponta que o varejo tem sentido o impacto das taxas de juros elevadas e do recente aumento do IOF, o que se reflete na retração do tíquete médio dos financiamentos. “Estamos preocupados com os resultados dos próximos meses”, declarou Junior, indicando que o custo do crédito continua a ser um fator de atenção.
Além disso, a Anfavea tem alertado para a crescente participação dos veículos importados, especialmente da China, que se beneficiam de uma taxação inferior à de outros países produtores, gerando uma “perigosa distorção” no mercado nacional.
Para o restante de 2025, a Anfavea projeta um aumento de 5,6% nas vendas de veículos no Brasil, atingindo cerca de 2,6 milhões de unidades. A continuidade das exportações, em particular para a Argentina, deve ajudar a impulsionar o setor. No entanto, o controle da inflação, a estabilidade econômica e a gestão da concorrência com os importados serão cruciais para que o mercado automotivo brasileiro mantenha seu ritmo de crescimento e alcance suas projeções para o ano.