sábado, agosto 2, 2025

Inteligência Artificial da UFSC Revoluciona a Manutenção Rodoviária em Minas Gerais

Belo Horizonte, MG – 16 de junho de 2025 – Minas Gerais, um dos estados com a maior malha rodoviária do Brasil, está à frente de uma transformação tecnológica que promete remodelar a forma como suas estradas são mantidas e fiscalizadas. Com mais de 270 mil quilômetros de rodovias estaduais e municipais, o desafio da conservação sempre foi imenso — tanto em termos de logística quanto de recursos financeiros. Agora, esse cenário começa a mudar graças ao uso inovador da Inteligência Artificial (IA), desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Essa tecnologia de ponta está sendo implementada pelo governo estadual em parceria com centros de pesquisa e empresas do setor para transformar a manutenção de rodovias em um processo mais inteligente, automatizado e proativo. O sistema utiliza algoritmos avançados de aprendizado de máquina que processam, em tempo real, grandes volumes de dados coletados por satélites, drones, sensores embarcados e outros dispositivos.

Ao analisar essas informações, a IA é capaz de identificar falhas no pavimento — como buracos, trincas, fissuras, deformações e desgaste — com altíssima precisão. Mais do que apenas identificar, a tecnologia também antecipa possíveis deteriorações com base em padrões históricos e ambientais, o que permite aos gestores tomarem decisões de manutenção antes que os problemas se agravem.

“Essa tecnologia representa um divisor de águas na forma como cuidamos das estradas”, afirmou o Secretário de Transportes e Obras Públicas de Minas Gerais durante coletiva de imprensa realizada hoje. “A manutenção rodoviária, que antes dependia de inspeções manuais demoradas e subjetivas, agora pode ser feita com base em dados objetivos, atualizados e em grande escala. Isso nos permite agir com mais rapidez e eficiência, alocando melhor os recursos e evitando desperdícios.”

Como Funciona o Sistema: Dados, Aprendizado e Diagnósticos em Tempo Real

A solução desenvolvida pela UFSC é composta por uma arquitetura complexa de software e hardware que opera em três frentes principais: coleta de dados, processamento e tomada de decisão. A coleta é feita por múltiplas fontes — imagens de satélites de alta resolução, drones com câmeras multispectrais, veículos de inspeção equipados com sensores e até dispositivos móveis de cidadãos voluntários que participam de programas de monitoramento colaborativo.

Todos esses dados são enviados para centros de processamento onde os algoritmos de IA fazem o trabalho de analisar, cruzar e interpretar as informações. A partir daí, o sistema gera relatórios automáticos com diagnóstico de falhas, mapas de calor com os trechos mais críticos e sugestões de rotas para equipes de manutenção.

“Esse sistema não apenas mostra onde está o problema, mas também indica a urgência da intervenção e qual a técnica mais recomendada para cada tipo de dano”, explica a professora Luciana Meirelles, coordenadora do projeto na UFSC. “É uma abordagem que se baseia em aprendizado contínuo. Ou seja, quanto mais usamos, mais inteligente o sistema se torna.”

Outro diferencial da solução é sua capacidade de adaptação às condições regionais. As rodovias de Minas Gerais apresentam grande diversidade climática, geológica e de uso — o que dificulta a padronização de estratégias de manutenção. A IA resolve esse desafio ao personalizar as análises para cada região, levando em conta fatores como volume de tráfego, tipo de solo, regime de chuvas e histórico de intervenções.

Além disso, a tecnologia está conectada a um sistema de priorização automática que ajuda na gestão dos recursos públicos. Com base na criticidade dos problemas, no impacto social e no custo estimado de reparo, o sistema indica quais trechos devem ser tratados primeiro, permitindo que as equipes técnicas planejem ações com muito mais estratégia e transparência.

Impactos Esperados: Economia, Segurança e Sustentabilidade

A adoção da IA na manutenção rodoviária não é apenas uma questão de inovação — ela traz impactos práticos e mensuráveis que podem transformar a infraestrutura de transporte em Minas Gerais e, potencialmente, em todo o Brasil. Um dos benefícios mais imediatos é a redução de custos operacionais. Ao evitar inspeções presenciais em longos trechos e agir preventivamente, o estado economiza em mão de obra, combustível, horas-máquina e materiais.

Estudos preliminares da UFSC indicam que, com a utilização do sistema em larga escala, os custos com manutenção corretiva podem ser reduzidos em até 35%, graças à antecipação de falhas e ao tratamento de problemas ainda em estágio inicial.

A segurança nas estradas também tende a melhorar significativamente. Ao identificar e reparar defeitos no asfalto com maior rapidez, evita-se acidentes causados por buracos, desníveis ou desgaste da pista. Além disso, os motoristas passam a contar com vias mais regulares, sinalizadas e confiáveis, o que reduz o risco de colisões, danos aos veículos e atrasos no transporte de mercadorias.

Outro aspecto relevante é a sustentabilidade ambiental. A manutenção preventiva, ao contrário da corretiva, exige menos insumos, menos intervenções pesadas e reduz a necessidade de obras emergenciais de grande escala. Isso diminui a emissão de gases poluentes e o impacto ambiental das obras.

A integração da IA com outras tecnologias emergentes, como sistemas de logística inteligente e veículos autônomos, também é uma possibilidade real para os próximos anos. Uma rodovia equipada com sensores e conectada a sistemas inteligentes de análise pode fornecer dados em tempo real não só para os gestores públicos, mas também para usuários da estrada, empresas de transporte e aplicativos de navegação.

A transparência na gestão pública é mais um ponto forte. Com dados acessíveis e relatórios automatizados, os cidadãos podem acompanhar de forma clara e objetiva como está sendo feita a manutenção das rodovias e onde estão sendo investidos os recursos. Isso fortalece o controle social e a confiança nas instituições.

Perspectivas Futuras

Embora o sistema ainda esteja em fase de implementação em várias regiões de Minas Gerais, os resultados preliminares já são promissores. As equipes técnicas relatam maior agilidade na execução de obras, menor volume de reclamações por parte da população e uma melhoria visível nas condições das estradas monitoradas pela IA.

A expectativa é que, até o final de 2026, toda a malha rodoviária estadual esteja integrada ao sistema inteligente, com monitoramento contínuo e relatórios automáticos atualizados diariamente. Paralelamente, outras secretarias e departamentos de transporte de estados como São Paulo, Paraná e Goiás já demonstraram interesse em replicar a iniciativa, com adaptações regionais.

“Estamos criando um novo modelo de gestão rodoviária para o país”, afirma a coordenadora Luciana Meirelles. “É uma evolução natural que une ciência, tecnologia e políticas públicas em prol de um Brasil mais eficiente, seguro e sustentável.”

Com a entrada da Inteligência Artificial no campo da infraestrutura, Minas Gerais dá um passo ousado rumo ao futuro, provando que a tecnologia pode — e deve — ser uma aliada estratégica da gestão pública moderna.

Mantenha-se informado em tempo real