sábado, agosto 2, 2025

Produção de Veículos no Brasil Recua em Março e Setor Teme Impacto de Novas Tarifas dos EUA

Curitiba, PR – O setor automotivo brasileiro acendeu um alerta em março de 2025. Apesar de um primeiro trimestre positivo no acumulado, a produção de veículos no país registrou uma queda de 12,6% em março na comparação com fevereiro, de acordo com dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Essa retração, somada à preocupação com a possível imposição de novas tarifas de importação pelos Estados Unidos, gera cautela e temor em toda a cadeia produtiva.

Em março, foram produzidas 190.008 unidades, representando o pior desempenho para um mês de março desde 2022. Embora o acumulado do primeiro trimestre de 2025 tenha fechado com alta de 8,3% na produção total (582,9 mil unidades) em relação ao mesmo período de 2024, a queda mensal sugere uma instabilidade no ritmo de fabricação. As exportações também mostraram um comportamento misto, com alta de 19% em relação a março de 2024, mas queda de 19% na comparação com fevereiro de 2025.

Alerta Vermelho com Tarifas Americanas

A principal fonte de apreensão para a indústria automotiva brasileira vem do cenário político e econômico nos Estados Unidos. A possível imposição de uma tarifa adicional de 25% sobre veículos importados, caminhões leves e autopeças não fabricados no país, com vigência a partir de abril de 2025 (proposta pelo ex-presidente Donald Trump), acendeu um sinal de alerta severo. Atualmente, a tarifa para veículos é de apenas 2,5%.

Entidades como o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e a própria Anfavea já manifestaram preocupação. O Brasil é um grande exportador de autopeças para o mercado norte-americano, e essa medida pode impactar diretamente as exportações brasileiras, elevando os custos e reduzindo a competitividade.

Igor Calvet, CEO da Anfavea, expressou que a entidade está avaliando o tema e que, embora ainda não haja “efeitos imediatos” sentidos pelo setor no país, a medida pode trazer “alguma dificuldade ao Brasil”. A tarifa ameaça deslocar atividades produtivas para outros países, como o México, que possui acordos comerciais mais favoráveis com os EUA. Isso poderia levar a um recuo nos investimentos em plantas industriais brasileiras e afetar diretamente a geração de empregos.

Desafios no Cenário Doméstico

Além das ameaças externas, o setor também lida com desafios internos. O atraso na regulamentação do Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), sancionado em junho de 2024, mas ainda com impasses em relação ao chamado “IPI Verde” e a definição de alíquotas para veículos eletrificados, é outra preocupação. Esse atraso pode impactar os investimentos em tecnologias mais limpas e na modernização da frota nacional.

A Anfavea projeta uma expansão de 7,8% na produção em 2025, o que levaria o total de veículos montados no país a 2,75 milhões. No entanto, a materialização dessa projeção dependerá da capacidade do setor de lidar com os ventos contrários, especialmente as políticas protecionistas globais e as incertezas macroeconômicas.

O cenário exige que o setor automotivo brasileiro mantenha-se vigilante e estratégico, buscando soluções para proteger sua competitividade e seus empregos diante de um ambiente global cada vez mais desafiador.

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